
Imagem Cardiovascular
Ressonância e Tomografia Cardiovascular
Informações relacionadas aos exames de ressonância e tomografia cardiovascular,
voltadas para os médicos.
COBERTURA DOS EXAMES
Para a realização de qualquer um desses três exames, é indispensável apresentar um pedido médico formal. Este pedido deve ser emitido por um médico que avaliou a condição clínica do paciente e identificou a necessidade do exame para diagnóstico, estratificação de risco ou acompanhamento. O pedido médico é o documento que justifica a realização do procedimento junto às clínicas, hospitais ou operadoras de planos de saúde.
Requisitos gerais para agendamento
Independentemente de ser via plano de saúde ou particular, ao agendar os exames em clínicas ou hospitais, geralmente serão solicitados:
- Pedido médico original.
- Documento de identificação oficial com foto.
- Carteirinha do plano de saúde (se aplicável).
Algumas vezes os planos de saúde solicitam um relatório médico sobre o paciente.
Em alguns casos, exames cardiológicos anteriores relevantes para comparação.
Cumprimento dos preparos específicos para cada exame (jejum, suspensão de medicações, restrições a cafeína, etc.), conforme detalhado anteriormente e nas orientações da clínica/hospital.
Situações específicas
Ressonância magnética cardíaca
Os exames de ressonância magnética cardíaca geralmente são cobertos da mesma forma que outros exames de ressonância magnética.
Escore de cálcio
Cobertura do escore de cálcio por planos de saúde.
O exame de Escore de Cálcio Coronariano, isoladamente, nem sempre possui cobertura obrigatória garantida pelo Rol de Procedimentos e Eventos em Saúde da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Dessa forma, a cobertura por planos de saúde pode depender do contrato específico do beneficiário ou ser considerada discricionária pela operadora. (geralmente não coberto).
Angiotomografia das coronárias
A angiotomografia das coronárias de coronárias é aceita pelos planos de saúde desde 2014 porém para isso é necessário que a indicação conste no Rol da ANS.
Veja abaixo um documento explicativo das indicações de angiotomografia das coronárias cobertas pelos planos de saúde.
Indicações de angiotomografia das coronárias cobertas pelos planos

INFORMAÇÕES SOBRE OS EXAMES
Esta seção fornece um resumo técnico sobre exames de imagem cardíaca frequentemente utilizados na prática clínica, focando em suas indicações, vantagens e limitações relevantes para a conduta médica.
1. Escore de cálcio coronário (cac)
Descrição: Exame de tomografia computadorizada (TC) sem contraste que quantifica a carga de cálcio nas artérias coronárias, um marcador de aterosclerose subclínica.
Princípio: O cálcio detectado correlaciona-se com a presença de placas ateroscleróticas.
Aplicação Clínica Principal: Estratificação de risco cardiovascular em pacientes assintomáticos com risco cardiovascular intermediário (calculado por escores tradicionais). Auxilia na decisão sobre início ou intensificação de terapia preventiva, como estatinas.
Vantagens: Exame rápido, não invasivo, sem contraste, e com boa capacidade de reclassificar o risco cardiovascular, especialmente em pacientes de risco intermediário. Pode aumentar a adesão do paciente às medidas preventivas.
Limitações e Considerações Importantes:
Não avalia estenose luminal. Um escore zero tem alto valor preditivo negativo para doença obstrutiva significativa, mas um escore elevado não quantifica o grau de obstrução.
Não indicado para pacientes sintomáticos (estes geralmente requerem avaliação funcional ou anatômica direta).
Não recomendado para acompanhamento evolutivo após início de estatinas. Estatinas podem estabilizar placas, levando à sua calcificação e a um aumento paradoxal do escore de cálcio, que não necessariamente indica piora clínica, mas sim uma alteração na composição da placa (potencialmente mais estável).
Sem validade em pacientes com stents coronários ou pós-cirurgia de revascularização miocárdica (CRM).
2. Angiotomografia computadorizada das coronárias (angiotc coronária)
Descrição: Exame de TC com uso de contraste iodado intravenoso e sincronização com o eletrocardiograma (ECG) para obter imagens tridimensionais de alta resolução das artérias coronárias.
Princípio: Permite a visualização direta do lúmen e da parede arterial, identificando estenoses, placas (calcificadas e não calcificadas) e anomalias coronárias.
Indicações Clínicas Comuns:
Avaliação de dor torácica aguda ou crônica em pacientes com probabilidade pré-teste baixa a intermediária de Doença Arterial Coronariana (DAC).
Investigação de resultados discordantes ou inconclusivos em testes funcionais (teste ergométrico, cintilografia).
Avaliação de patência de stents e enxertos de CRM (em casos selecionados).
Planejamento pré-operatório de cirurgia cardíaca (não-coronariana) ou intervenções (ex: TAVI).
Avaliação de anomalias coronárias suspeitas.
Vantagens: Alto valor preditivo negativo (excelente para excluir DAC obstrutiva significativa), não invasivo, fornece informações anatômicas detalhadas.
Considerações e Limitações:
Requer uso de contraste iodado (avaliar função renal - creatinina recente; histórico de alergia; suspender Metformina conforme protocolo institucional).
Exposição à radiação ionizante (doses otimizadas com técnicas modernas).
Pode requerer controle da frequência cardíaca (uso de betabloqueadores).
A precisão na quantificação de estenoses pode ser limitada por calcificações extensas, artefatos de movimento ou em vasos de pequeno calibre.
Resultados podem divergir de testes funcionais, especialmente em lesões intermediárias. A interpretação deve ser integrada ao quadro clínico.
3. Ressonância magnética cardíaca (rmc)
Descrição: Exame de imagem que utiliza campo magnético e ondas de rádio (sem radiação ionizante) para avaliação detalhada da estrutura, função e caracterização tecidual do coração. Frequentemente utiliza contraste à base de gadolínio intravenoso.
Princípio: Oferece excelente contraste entre tecidos moles, permitindo avaliar volumes e função ventricular com alta acurácia, caracterizar o miocárdio (viabilidade, fibrose, inflamação, edema, infiltração, depósito de ferro) e avaliar válvulas, pericárdio e grandes vasos.
Indicações Clínicas Comuns:
- Avaliação etiológica de insuficiência cardíaca e miocardiopatias (hipertrófica, dilatada, restritiva, arritmogênica, não compactada).
- Investigação de miocardite e pericardite.
- Avaliação de viabilidade miocárdica pré-revascularização.
- Diagnóstico e acompanhamento de cardiopatias congênitas complexas.
- Quantificação de shunts e avaliação de valvopatias.
- Diagnóstico de massas e tumores cardíacos.
- Quantificação de sobrecarga de ferro cardíaca (T2*).
- Avaliação de doenças da aorta e grandes vasos.
Vantagens: Não utiliza radiação ionizante, padrão-ouro para volumes e função ventricular, capacidade única de caracterização tecidual, versatilidade na avaliação de múltiplas patologias cardíacas.
Considerações e Limitações:
Contraindicações: Presença de dispositivos eletrônicos implantáveis não compatíveis (marca-passos, CDIs antigos, implantes cocleares, etc.) e alguns clipes metálicos ferromagnéticos. Triagem de segurança rigorosa é fundamental.
Requer contraste à base de gadolínio na maioria dos protocolos (avaliar função renal - risco de Fibrose Sistêmica Nefrogênica em insuficiência renal grave, embora muito raro com agentes modernos; histórico de alergia). A não utilização do contraste quando indicado limita significativamente a capacidade diagnóstica, especialmente na caracterização tecidual.
Exame mais longo, requer colaboração do paciente (imobilidade, apneias repetidas).
Pode ser desafiador em pacientes com arritmias significativas ou claustrofobia.
Ruído acústico considerável (requer protetores auriculares).
Conclusão:
A seleção do exame de imagem cardíaca adequado depende da suspeita clínica, das características do paciente e da informação específica necessária. O Escore de Cálcio é primariamente uma ferramenta de estratificação de risco em assintomáticos. A AngioTC Coronária destaca-se na avaliação anatômica das coronárias, especialmente para exclusão de DAC obstrutiva. A Ressonância Magnética Cardíaca oferece avaliação abrangente de estrutura, função e, crucialmente, caracterização tecidual, sendo indispensável em diversas miocardiopatias e avaliação de viabilidade. A interpretação dos resultados deve sempre ser realizada no contexto clínico individualizado do paciente.

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